A Criação de Personagens para Mestres e Jogadores

A Criação de Personagens, para Jogadores e para Mestres




Para qualquer mesa de RPG, precisamos de personagens. Jogadores ou NPCs, mas eles têm que existir. Nem sempre só o  aventureiro e o bardo que dá missões, mas as vezes nações ou grupos. Em qualquer um dos casos, é necessária a criação desse personagem, e aqui darei algumas “Dicas” sobre isso.

Dicas, na verdade, é uma palavra muito forte. Qualquer site de RPG deve ter discorrido sobre dicas como “Quem são seus Pais? O que eles fizeram?” Mas eu sempre achei isso muito curto, muito simples, muito mecânico. Vou oferecer algumas coisas para pensarem sobre, na verdade.

Primeiro, Sistema e Cenário. Se você não é o Mestre, dificilmente isso será mutável. Aprenda o sistema, conheça o cenário. Isso é basicamente tudo que você precisa pra começar a pensar em um personagem.
Pense nessa situação hipotética¹. Um Mestre quer fazer um tributo à Terra Média, narrando uma aventura na Quarta Era. Ele conta isso para seus jogadores.
 Um deles grita: “Quero ser igual o Gandalf. Quero ter um cavalo-foguete, matar balrogs com luz da ponta do meu cajado overpower e purificar todo mundo só falando as palavras certas.”

Sean Bean (Boromir) tem uma bela expressão no primeiro filme do Senhor dos Anéis que expressa mais ou menos como eu me sentiria.


É, como todo mundo que experimentou mais do mundo de Tolkien, sabe que os Magos são raríssimos e poderossos, e que esse tipo de feito é algo controlado, um evento de magnitude... rara. Na verdade é só pensar. Se Magos fossem comuns na Terra Média, uns 4 ou 5 abririam um belo buraco no Portão, e derrubariam o anel. Pronto, GG.

Então conheçamos o Cenário e o Sistema antes de passar pro próximo passo: Conceito.

Conceito é algo simples, duas ou três palavras que darão uma fácil impressão de seu personagem. Imagine que você tenha que falar para seu Mestre, ou para seus Jogadores, quem era o personagem em poucas palavras. “Ah, é aquele Draküll monge-da-guerra que tinha complexo de inferioridade”. Temos aí um belo conceito. Mas isso parece mais um aglomerado de Raça e Classe... que tal “Aquela pirralinha que era absurdamente madura, mas lutava pelo Bem igual o paladino”? Serve também.

Com o conceito, já vai ter um embasamento para criar os detalhes. Eu sugiro começar então com a personalidade. Traços grosseiros primeiro, e depois afinando. Pense em uma Emoção que se manifeste mais constantemente nele, a maneira como ele reagiria a situações comuns( E Incomuns) uma tática que amo fazer é responder Quizzes aleatórios na internet como se fosse ele, e me divirto com os resultados. As vezes até ajudam! Pense então como ele vê os outros ao seu redor. Se se considera especial, ou se aceita o fato de ser uma massa, por exemplo. Se faça perguntas, e as responda. É a melhor maneira, acredito.

Quanto mais você vai pensando nesses detalhes, mais fácil são os outros. Comece a fazer uma imagem mental da Aparência do seu personagem. Traços marcantes, biotipos, entre outros detalhes. Roupas que usaria, proporções... Nesse momento, se for o caso, Classe e Raça é um aspecto essencial a se levar em conta.

A partir daí, comece a trabalhar a História dele. Como se tornou rancoroso, quais eventos foram mais marcantes. Tente escrever o máximo nesse ponto, crie linhas do tempo, descreva pessoas importantes para ele, o que houve delas, como ele se sente com isso. É um processo essencial que já deve ter sido feita anteriormente pelo menos em parte. Jamais deixe coisas sem explicar, características que não foram detalhadas. Se for um jogador, o Mestre pode te ajudar MUITO nisso. Como mestre, aprecio jogadores que trabalhem a história dos personagens junto comigo, pois me deixa mais tranquilo para ingressar esses elementos na história, na campanha.

Por exemplo, em uma campanha de Final Fantasy que eu construí, havia uma nação no cenário que tinha se rebelado e criado uma extensa guerra, não fazia muito tempo. Um dos jogadores, Deoch Cavalier, tinha perdido o pai, que teria ido em uma excursão a essa nação, e tinha sumido.

A Aventura, infelizmente, não vingou, mas eu planejei coisas para esse personagem. Seu pai teria sido morto por uma doença que se tornaria um ponto importante da campanha, e depois reanimado como morto vivo, resultando em uma complicada resolução de eventos, onde planejava o “Re-assasinato” do Sr. Cavalier nas mãos do grupo.

Mas sim, seguindo.
Depois desse passo, que realmente é longo, comece o Acabamento. São pequenos detalhes, coisinhas curtas, como comida preferida e jeito de segurar a espada, que dão mais vida ao personagem. Para o exemplo dessa vez, usarei um personagem que eu mesmo fiz, Aloe Redstar Crossblades, um Guerreiro de D&D 3.5 em Forgotten Realms.

Ele tinha algumas peculiaridades, como um gosto bravo por frango, o amor incessante por uma deusa, a Cavaleira Vermelha, que beirava a devoção do próprio clérigo do grupo. Em combate, ele usava lança, mas tinha problemas com confiança, e na hora de enfrentar um temível clérigo Orc, ele tremeu e perdeu a fé, não entrando na batalha como deveria (ele era especialista em Investida). Somente quando um de seus amigos mais próximos, um Anão Bárbaro é golpeado fatalmente no combate, ele reage, começando a participar mais ativamente.

Esses detalhes (Gostos, crença, complexos, amizades fortes) são ótimos para dar mais vida. Se for um Mestre, é um detalhe interessante que você precisa dar para qualquer NPC. O mundo precisa girar, e viver!

Finalizando, Vamos pensar no primeiro exemplo. Lembra do aspirante a mago?
E se ele tivesse falado algo como isso:
“Hm... Mestre, Estou pensando em um humano, acho que Gondoriano mesmo, Tal, bem comum, estudioso. Sabe todas as histórias e tal, e tem os Magos como ídolos, sendo profundamente amargurado pela queda de Saruman e pelo Mago Castanho ter se retirado.

Não desenvolvi muito bem a história ainda, mas estou pensando nele ser bem fechado e tímido, sem conhecimento dos prazeres da vida. Medroso, só atingiria bravura quando se lembrava das histórias de Aragorn e Hirluin, acho...

É. Pensa aí. Franzino, cara de Gondoriano comum, sem cicatrizes, sem tônus muscular e tal. Aí eu adiciono que ele perdeu uma amada para bandidos e sempre se culpou por nunca ter sido forte para salvar ela, ou mesmo deixar claro que a amava.
Parece interessante... vou trabalhar nisso.”

Pessoalmente, eu olharia e soltaria a seguinte pérola:


E Jamais se esqueçam: Diversão é Tudo!

¹ Gosto muito de usar ficção pra explicar a realidade. Terão mais sobre isso.