Resenha Muramasa Rebirth


Sabe quando um jogo, ou um filme, ou mesmo uma pintura consegue te deixar perplexo? Quando interagir com aquele objeto parece ser diferente, especial? O jogo Muramasa Rebirth, do estúdio Vanillaware, acaba conseguindo trazer essas sensações para o pequeno console esquecido da Sony, o PS Vita.

Originalmente o jogo havia sido lançado para o Wii, e a versão para o Vita é basicamente a mesma, mas agora em um console portátil capaz de resoluções mais altas, e com quatro pacotes de DLC que prometem expandir o mundo de Muramasa, entretanto, apenas dois desse pacotes foram lançados, e precisam ser comprados separadamente.

O estúdio Vanillaware é conhecido pela força nos quesitos artísticos dos seus jogos. Quem teve a oportunidade de ver títulos como Odin Sphere, Gran Knight Chase e Dragon Crown sabe que o estilo exagerado de retratar os personagens acompanha uma das melhores apresentações que jogos 2D já receberam. Belíssimos cenários, personagens e inimigos, todos bem detalhados e trilhas sonoras cativantes. E isso se repete em Muramasa, mas agora o estúdio sai do estilo fantástico europeu que fez parte dos títulos anteriores da empresa.

Elementos da história incluem dois personagens, Momihime e Kisuke, dezenas de espadas demoníacas e muito sobrenatural. E claro, morte. Sim, a morte, não a personificação mas o ato de morrer, é a grande ponte de conexão entre tudo que acontece no mundo de Muramasa, mas aqui ela é apenas uma mudança, e não o fim.

Os protagonistas... Ou quase.

Cada personagem progride de maneira semelhante, avançando por um enorme mapa de uma versão fantástica do Japão feudal, sempre em um plano 2D, como também acontece nos outros jogos da empresa.

Ambos os protagonistas tem exatamente a mesma jogabilidade, mas cada um passa por caminhos diferentes, com chefes distintos, o que torna a necessidade de jogar ambas as campnhas algo bem mais divertido.

Agora sim!
O jogo possui uma mecânica de combate simples, mas que funciona bem. O botão quadrado cuida de todos os ataques e as manobras com a espada. A velocidade dos ataques depende do peso de cada uma, com espadas mais pesadas sendo mais poderosas, porém, bem mais lentas.

Cada espada possui um tipo de ataque especial, ativado com o botão círculo, e eles são bem variados, com características bem distintas e que exigem estratégia para maximizar a eficácia de cada um. Mas o uso dessas habilidades é limitado por uma barra que indica a resistência de cada espada, e essa barra diminui toda vez que você defende um ataque inimigo ou usa um movimento especial. 

Caso essa barra se esgote, a espada se quebra, se tornando temporariamente inútil e você precisa trocar por outra enquanto a danificada se regenera. Assim, o simples ato de apertar o botão de ataque como um louco não te leva muito longe, e pode te colocar em situações em que você perde todas as espadas, o que torna o uso de itens de regeneração para as lâminas, crucial em certos locais onde apenas um ataque inimigo é o suficiente para acabar com uma espada.

Cada personagem pode carregar três espadas diferentes, cada uma com poder de ataque, peso, habilidades ativas e passivas diferentes. Esse sistema faz com que algumas lutas funcionem como as lutas contra os chefes nos jogos da série Megaman, em que certas armas eram bem mais eficientes que outras. Mas o sistema possui alguns furos, e existem algumas armas que são muito mais eficientes que as as outras, o que as tornam quase obrigatórias para que você suba de nível mais rapidamente, ou que consiga terminar algumas lutas contra chefes sem ter que suar a camisa ou gastar todo seu estoque de itens.

Outras partes importantes para o combate são a criação de novas espadas e cozinhar. A aquisição da maior parte do seu arsenal vai ser feita através da forja no menu de pausa.  Lá, você vê uma árvore com toda as espadas possíveis para ambos os protagonistas. Cada espada usa pontos de Soul e Spirit para que possam ser forjadas, e elas também seguem a árvore. Assim, só é possível forjar certas lâminas se você tiver forjado ou adquirido todas as outras que formam o caminho até ela, e cada espada também só pode ser usada caso você tenha alcançado um certo nível de vitalidade e força.  E só depois que terminar o jogo com ambos os protagonistas é que você vai ter acesso as espadas mais fortes. Além disso, o uso de espadas específicas na luta final abre novos chefes e epílogos diferentes para cada personagem.




A variedade de chefes é bem grande.

A parte de cozinhar é bem mais interessante do que pode parecer no início. Você vai adquirir receitas através de vários livros que você vai comprar ou encontrar pelo caminho, e essas receitas usam diferentes ingredientes que também precisam ser, na sua maioria, comprados. Algumas receitas vão apenas recuperar uma porcentagem da sua saúde e te dar "spirit", mas outras podem aumentar a quantidade de experiência que você ganha, ou a quantidade de dinheiro.

Uma delas até te deixa invencível temporariamente ou te fornece uma segunda chance caso você morra em uma batalha. Esses bônus podem ser cruciais para alguns eventos mais difíceis do jogo, e explora-los ajuda muito a avançar com mais facilidade. E é engraçado como cada prato disponível é mostrado em detalhes. É muito bom ver e ler um pouco sobre cada uma das diversas iguarias presentes.

O trabalho de localização do jogo foi muito bem feito, inclusive, corrigindo alguns erros da versão para o Wii. As vozes originais e alguns textos em japonês continuam marcando presença, mas sempre legendados em inglês, uma decisão que ajudou muito a manter a força visual do jogo.O jogo é basicamente um "beat em'up", mas o modo como ele entrega tudo isso faz com que as mecânicas simples acabem ajudando a deixar a experiência mais  interessante.

Se você espera muita variedade e não é fã de dar muitas voltas pelo mapa, talvez só a parte visual e sonora não seja o suficiente. Ainda sim, para os donos e donas do PS Vita, Muramasa Rebirth é um dos melhores títulos disponíveis.