Vilões em jogos e RPG: os elementos e o clima
Um salve, meus queridos aventureiros! De volta pra mais um artigo sobre RPG, quero dar aos mestres e aos criadores de jogos indie um pouco de food for thought: material para pensar. Vemos sempre em RPGs famosos, como Dark Souls ou Diablo, que grande parte dos desafios a serem superados possuem duas naturezas: puzzles e confronto físico. Mas e quando o inimigo é intangível - é o próprio clima?
Frio, calor, vento, tempestades de areia: O mundo é grande e variado, e muitas vezes trabalha em escalas que meros mortais não podem tanger. Quantas vezes o clima ou o tempo foram decisivos para uma empreitada? O inverno russo que derrubou tantos exércitos, ou o calor escaldante do oriente médio, que cozinhava os cruzados em suas armaduras são bons exemplos. Por quê não levar esses elementos para seu jogo, ou sua próxima mesa de RPG?
Muitas vezes, adicionar esses elementos é complicado, e pode parecer chatice. Em uma mesa de RPG, por exemplo, talvez seus jogadores não se interessem tanto por regras de "dano por calor" ou "fadiga", talvez por elas atrasarem o jogo ou só não representarem bem a qualidade especial de seus personagens. Em um jogo eletrônico, talvez criar o sistema destes elementos ou manter o jogo equilibrado mesmo com um "inimigo" tão impassível quanto as ondas de calor... Mas não quer dizer que devem desistir! Assim como tudo na vida, um RPG ou um jogo, se feitos com carinho e dedicação, melhoram, e tanto é perdido, quando se desiste de adicionar uma nova mecânica por medo de não conseguir deixar ela coerente e divertida. E estas podem tomar muitas formas! Vamos à alguns exemplos.
The Elder Scrolls V: Skyrim é um bom começo.
O jogo é umas das melhores representações do tema "norte gelado" que se tem notícia, e nas partes mais extremas do norte do continente, o vento frio se torna um problema. Mas como assim? O personagem não chega a tomar dano do frio, longe disso, mas a visibilidade diminui a ponto de ser um problema, além de oferecer até um pouco de camuflagem para alguns dos inimigos do local. Talvez não um vilão, mas um inimigo, dos chatos!
Falando de RPG de mesa, remeto á figura de capa desse artigo, com o RPG baseado em HQ Mouse Guard!
Um dos melhores que este mortal escritor já jogou, o sistema é um RPG fechado (isto é, oferece sistema, cenário e campanhas em um único volume) baseado em The Burning Wheel, e dá as regras e o cenário para contar histórias sobre um grupo de camundongos antropomorfizados, membros de uma organização chamada 'Mouse Guard', algo como a polícia e o exército da nação. O problema é que os ratos são realmente do tamanho de ratos reais, e coisas como chuva e neve se tornam problemas gigantes. O jogo cita como é esperado que estes elementos sejam agressivos e perigosos para os ratos, trazendo doenças, ferimentos e até perigo de morte.
Mais um jogo clássico, a série Advance Wars!
O jogo de estratégia conta com elementos interessantes de terreno, mas é quando alguns dos commanding officers, os comandantes e generais, entram em campo e mudam o clima, tudo fica mais divertido. Olaf transforma tudo em neve, deixando unidades inimigas mais lentas, por exemplo. Ainda há como deixar um terreno de chuva, que não facilita muito. Fica a dica para os amantes de estratégia de turnos.
Dá pra entender mais ou menos como funciona. Como é um elemento interessante que está sendo perdido! Nem tudo que é aversivo para os jogadores e seus personagens precisa tomar a forma de um demônio gigantesco ou uma horda de goblins insanos.
As vezes, a visita do general inverno é tudo que seu grupo precisa...
E jamais se esqueçam: diversão é tudo!