Opinião #1 - História e jogos eletrônicos

     
Meus caros jogadores e minhas caras jogadoras, vocês já pegaram em um controle hoje? Eu francamente espero que sim, e que tenham aproveitado! Vivemos em um belíssimo momento desse braço da indústria de entretenimento, e existe muito o que se comemorar, tanto dentro quanto fora do Brasil. Claro que nem tudo são flores.


E já que estamos falando de flores, vamos falar de FF8

Primeiro, deixem-me compartilhar um pouco do meu histórico como jogador: Tudo começou quando eu fazia algumas visitas a casa de um tio meu, que tinha um Atari 2600, ou quase, já que ele era um dos clones que a CCE fazia, com o nome de Supergame, um controle, e três jogos: Pac-Man, River Raid e Pitfall. E claro, com meus oito anos eu realmente não tinha muita ideia de como se jogava aquilo, mas alguma coisa ali acabou sendo ativada dentro da cabeça daquele moleque.

Mais ou menos nessa mesma época uma tia minha levou um outro clone da CCE, o Turbo Game. Mas agora, eu tive a oportunidade de experimentar o jogo do carinha azul que dava uns tirinhos. Era um jogo difícil, mas que teve um futuro brilhante. Era o Mega Man. E ela acabou deixando esse console comigo, e aí me juntei com meu primo, e pudemos experimentar coisas como Street Fighter 2010 e a versão pirata de Street Fighter 2, Super Mario Bros, Sexta Feira 13, Battletoads, e minha maior frustração, Start Tropics e o maldito puzzle dos três números, que acabou me impedindo de terminar o jogo na época.


                                                                                       

Dois dos clones mais famosos da CCE, mas não foram os únicos!

Uma questão engraçado sobre o console da CCE que clonava o NES era o fato dele aceitar os dois formatos de fitas que esse console possuía na época, o que viabilizava o uso de quaisquer cartuchos que você conseguisse colocar suas mãos. E podem ter certeza que essa era uma função muito bem vinda nessa época, onde pegar fitas emprestadas era algo constante para nós que quase não sabíamos nem onde comprar esses cartuchos.      

Acabei pulando a geração SNES/Genesis, e assim eu perdi contato com diversos títulos que ajudaram a moldar uma geração de desenvolvedores e jogadores, mas consegui aproveitar um pouco do Super nos famosos fliperamas da cidade, além de visitas estratégicas nas casas de primos e amigos que tinham uma renda melhor que a minha na época, e assim pude experimentar jogos como Donkey Kong Country ou Sonic 3.

Mas é claro que mesmo com as fitas sendo um pouco diferentes nas suas versões americanas e japonesas, ainda era fácil conseguir versões piratas de jogos para esses consoles, e olha que isso era muito útil, principalmente quando alguns desses jogos raros eram pérolas como Sonic Wings ou Street of Rage 2.


Até mesmo a série Final Fantasy passou por altos e baixos. O terceiro jogo da franquia saiu no Japão em 1990, mas só saiu oficialmente neste lado do mundo em 2006!

Logo eu acabei experimentando o console que realmente me pegou e não largou mais, o Playstation, o número 1, e também acabei descobrindo meu amor pelos jogos de luta quando pude ver obras como KOF 97, Rival Schools, Soul Edge, MK Trilogy, Street Fighter EX entre tantos outros. E foi na época do PSX que a pirataria alcançou patamares que davam medo! E alegria, de certo modo.

Nessa época, se você tinha um gravador de CD e internet discada Super 11, você logo seria capaz de fazer copias de jogos. Assim, qualquer um poderia facilmente ter uma coleção com mais de cem títulos com pouquíssima dificuldade. E isso fez com que as pessoas tivessem títulos absolutamente variados! Digamos que você era um fã de shoot'em ups, você podia pegar um Sonic Wings com um amigo, um Sexy Parodious com outro e um Einhänder comigo, por que eu adorava aquele jogo!



Sério, eu adoro, e nem sei bem porquê

Durante a geração 128 bits chegamos ao que parecia o ponto mais alto desses destravamentos, afinal, tínhamos três bons chips diferentes para o PS2, e inclusive um desses, o melhor pra falar a verdade, era feito no Brasil. No XBOX tínhamos a possibilidade de transformar o console em uma central multimídia quanto trocávamos o disco rígido e adicionávamos o XBMC como o novo "sistema operacional". O Gamecube não participou muito dessa corrida, talvez pelo fato da sua mídia, ou talvez pelo poder que a Sony conseguiu somar a sua marca com o grande sucesso daqueles dois consoles.
        
Com o início da geração PS3/XBOX360/WII começou a se tornar mais difícil destravar tais consoles, e uma das grandes razões para isso foi a presença constante da internet pela primeira vez. E com essas novas funções vinha o medo constante de que seu console modificado poderia ser "brickado" a qualquer momento, o tornando muito mais limitado. Mas houve um ponto positivo para os jogadores, e foi o enorme impulso na venda de jogos originais a preços competitivos, e recentes, já que passamos a ter os mesmos lançamentos que os EUA, quase simultaneamente e com preços bem próximos dos praticados lá, além da estrutura para jogos online que finalmente podia competir com os computadores.

Mas, tirando o console da Sony, os outros dois competidores dessa corrida decidiram fechar o cerco sobre os jogos importados, o que limitaria, e muito, o acesso a certos jogos. As vezes, os fãs conseguiam que as empresas revisassem suas políticas e trouxessem jogos raros, principalmente da terra do sol nascente, como foi o caso a Operation Rainfall, que convenceu algumas empresas a trazer três títulos de RPG para o Wii, mesmo depois da Nintendo não mostrar interesse.


Xenoblade Chronicles é tido como um dos melhores jogos do Wii, e mesmo assim, uma boa parte do mundo não iria conhecer o título se dependesse apenas da Nintendo

Infelizmente a situação é bem diferente quando nos voltamos para as DLC's e jogos oriundos dos serviços online de varejo desses consoles. Embora o PS3 praticamente não possui jogos com travas de região, um dos poucos exemplos foi o Persona 3 Arena, nas lojas online é exatamente o contrário. Esses serviços criaram maneiras bem eficientes de evitar que você tenha acesso a conteúdos de áreas diferentes, com travas que identificam a região onde seu console está conectado e bloqueios a cartões internacionais que não sejam do país de origem da conta. Fora que em ambos os consoles você precisa criar contas específicas para cada mercado para ao menos tentar comprar alguns dos jogos que existem lá. E claro, se você tem a versão Americana de um jogo, as DLC's das outra versões são inúteis.


Namco X Capcom foi um dos jogos que nunca saíram por estes lados. Felizmente a continuação, Project X Zone, foi lançada

Talvez o pior exemplo dessas situações tem sido o que experimento no PS Vita, onde você pode ter apenas uma única conta para cada cartão de memória, e caso decida trocar de conta, você precisa dar um "hard reset" no portátil, o que torna a tarefa de reconfigurar todos os seus dados um tédio que inviabiliza o processo. Outro problema é que mesmo que você tenha jogos compatíveis com o Vita em uma outra conta, você não vai poder usar no seu console graças a essa trava. No caso do 3DS, temos as travas de região para os jogos, então, nesse ponto, ao menos o Vita se sai melhor, já que a mesma não é utilizada.

Onde eu quero chegar com tudo isso? Bom, o mercado nunca alcançou tantas pessoas em nosso país, e hoje temos o prazer de ver jogos desenvolvidos por estúdios brasileiros recebendo bastante atenção por parte de empresas como a Sony. Hoje nós podemos sair de casa para comprar diversos títulos diferentes para todos os principais consoles por preços razoáveis, mesmo que nem sempre seja o caso, como a Sony mostrou ao lançar o P$4 por praticamente o mesmo preço do meu carro usado, mas talvez estejamos perdendo um pouco, mas a mídia ainda enfrenta um problema sério na distribuição do seu conteúdo, que parece estar ficando cada vez pior a cada dia que passa. Hoje é difícil achar alguém que tenha um PS1 funcionando, e mesmo que tenha um PS2, sem um Memory Card daquele console, seu uso se torna limitado, e isso pode impedir que muitas pessoas consigam experimentar, de maneira legal, tantos jogos fantásticos que nunca chegaram por aqui, e que parecem não ter data para aparecer.



Memory Cards, peça que os jogadores mais novos provavelmente não vão mais conhecer

Pra finalizar, esse texto meio que foi um exercício para organizar algumas coisas que passavam pela minha cabeça sobre a situação atual dos consoles, pirataria e emuladores, afinal, é claro que jogos são diversão, e entretenimento, mas hoje, é difícil não perceber que isso foi o passado. Atualmente jogos eletrônicos, vídeo games, já são um movimento cultural, e por isso preservar o acesso ao passado, a história dessa mídia, passa a ter uma importância cada vez maior. Claro que jogos são produtos, e existem pessoas que precisam ganhar dinheiro para que novos jogos continuem saindo. Mas sem passado, como construir um futuro melhor? Como aprender com os erros? Nos PC's, serviços como GOG, e mesmo a Steam, tem ajudado muito, e existem outros serviços que disponibilizam jogos que não exitem mais maneiras de se conseguir, como o Best Old Games, onde existem muitos Abandonware, jogos que não se sabe bem quem tem os direitos, e por essa e outras razões, não estão mais disponíveis oficialmente, mas isso serve apenas para os PCs. Assim, as bibliotecas virtuais que a Nintendo e a Sony tem construído são de grande valor para os consoles e para os jogadores, mas de que adianta se não tivermos acesso eficiente a esse material? Será que vamos esquecer e outras pessoas nunca vão nem saber? Veremos.

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