Uma obra-prima chamada The Walking Dead
Sinto-me honrado em poder contribuir com essa seção tendo a oportunidade de falar sobre um game que me surpreendeu muito em todos os aspectos. Com o sucesso gigantesco da série The Walking Dead, um jogo levando essa marca poderia ser um fracasso devido às expectativas que normalmente os fãs carregam em relação a tudo que cerca uma produção com tamanha aceitação.
Lee e Clementine |
O desenvolvimento pessoal dos personagens chama a atenção, e como na série, você toma decisões que podem valer a sobrevivência ou a morte de um determinado integrante do grupo. O enredo também nos apresenta um dos melhores personagens que eu já tive o prazer de ver em games, Clementine. A garota frágil que Lee encontra sozinha nesse mundo apocalíptico não é nem de perto, um personagem clichê. Trata-se de uma menina que entende rapidamente que o mundo não é mais o mesmo e que muitas coisas que antes eram erradas ou proibidas, agora são apenas mais uma ação de sobrevivência do dia-a-dia.
A partir daí, a história do jogo se molda como você preferir, já que há um sistema de escolhas nos diálogos que permite você se tornar amigo de um personagem ou inimigo, ajudá-lo ou não, apoiar uma posição ou confrontá-lo. O final do jogo é o mesmo independente de suas decisões, mas como e com quem você chegará nesse final é sua escolha. O enredo se desenvolve com uma fluidez impressionante, desde o primeiro ato até o final surpreendente, que nos deixa com um sentimento de “porque uma obra-prima dessas tem que acabar”.
O jogo é dividido em cinco partes, que são muito bem explorados entre cenas de terror, drama e suspense. Cada capítulo leva cerca de uma hora e meia para ser finalizado, totalizando algo em torno de 8 horas de jogo. Cada fase funciona como um episódio da série de TV, até mesmo o formato de apresentação coloca o jogador em um ambiente que soa familiar. Apesar de todas essas qualidades, o game deve desagradar aquele jogador que não tem paciência para ler extensos diálogos e apenas ouvir muita conversa entre os personagens. É um típico jogo “point and click” onde a faixa de ação do jogador se resume a explorar um cenário limitado e coletar itens para dar segmento à história.
Mas o mais importante é que com o decorrer do jogo, você cria empatia com muitos personagens e isso nos leva a começar o jogo e não parar antes de finalizá-lo, o que é um aspecto extremamente positivo, pois isso mostra como a Telltale não apenas aproveitou a carona do sucesso da série, mas também criou um novo conceito dentro dos games de terror, se preocupando com a experiência do jogador e não só com a questão comercial. Não à toa, The Walking Dead ganhou um premio na categoria jogo do ano no VGA (Video Game Awards) em 2012. Já foi anunciado para 2013, mais cinco episódios, mas os detalhes da produção ainda não foram revelados.
Para finalizar, The Walking Dead é muito mais do que eu escrevi aqui, pois quando temos uma experiência dessa magnitude com um jogo é difícil até mesmo descrevê-lo.
Mas fica aqui minha recomendação, pois no cenário gamer que vivemos, onde jogos tão mecanizados como COD e BF estão em destaque, esse jogo, digo, essa experiência proporcionada pela Telltale é uma ótima pedida para quem quer sair da mesmice.