A Falácia de Stormwind: Opositividade entre Otimização e Interpretação

É um conflito que todos nós RPGistas passamos ou iremos passar em algum momento, creio eu. Devo ou não otimizar meu personagem? Devo entender bem as regras e usá-las para criar um personagem poderoso, ou não? Ao fazer isso, limito minhas oportunidades de Interpretação? E por aí vai. Em 2006, um usuário dos fóruns da Wizards of the Coast, sob alcunha de Tempest Stormwind escreveu um excelente texto sobre esse assunto, criando então o que chamamos de Falácia de Stormwind.


O texto original se perdeu na database da Wizards, Mas foi salvo posteriormente pelo seu valor para o meio RPGista. Ele pode ser encontrado completo (em inglês) neste link.

Para começar a discorrer sobre ela, vamos deixar claro primeiro o que é uma “falácia”.

Via Wikipédia: Na lógica e na retórica, uma falácia é um argumento logicamente inconsistente, sem fundamento, inválido ou falho na tentativa de provar eficazmente o que alega. Argumentos que se destinam à persuasão podem parecer convincentes para grande parte do público apesar de conterem falácias, mas não deixam de ser falsos por causa disso.

Com isso claro, vou traduzir a parte principal do texto de Stormwind:
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[Início da Tradução]
A Falácia de Stormwind, conhecida como a Falácia Roleplayer vs Rollplayer
“Só por quê alguem otimiza seus personagens mecanicamente não quer dizer que eles não podem interpretar, e vice versa”


Colorário¹: Realizar um deles em jogo não exclui, nem infringe, a habilidade de fazer o outro no mesmo jogo.
Generalização 1: Alguém não é automaticamente um pior interpretador se ele otimiza, e vice versa.
Generalização 2: Um personagem não-otimizado não é automaticamente interpretado melhor que um otimizado, e vice versa.
(Eu admito que há alguns teimosos em ambos os lados – os Fanáticos por RP que se recusam a otimizar como se personagens poderosos fossem a marca do Diabo e os “min/maxers”² mecanizadores que não conseguiriam interpretar para sair de uma sacola de papel sem incendiá-la – Mas eu vejo esses como exemplos extremos. A vasta maioria das pessoas estão no meio, e portanto as generalizações se mantém. A palavra-chave é “Automaticamente”)

Prova: Esses dois elementos dependem de diferentes aspectos da jogatina do jogador. Otimização tem como fatores  o quanto o jogador entende as regras, e lida com sinergias para produzir um efeito final eficaz.  Interpretação lida com o quão bem um jogador pode agir dentro de personagem e se comportar como se fosse outra pessoa.
Uma pessoa pode agir enquanto entende as regras, e pode construir algo poderoso enquanto manuseia um personagem efetivo. Não há nada em jogo – Mecânico ou não – que limite um se você participa do outro.


Dizer que um otimizador não pode interpretar ( ou está participando em um estilo de jogo que não é favorável à interpretação) por que é um otimizador, ou vice versa, é cometer a Falácia de Stormwind.

¹ Postulado lógico.
² Otimizadores extremos, aqueles que mitigam os mínimos e ampliam os máximos.
[Fim da tradução]
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Esse postulado nos ajuda a pensar muito sobre o papel da otimização de personagens em um jogo. Como Mestre, eu acredito que é muito fácil – e comum – cometer excessos, como o Jogador de D&D que coloca 4 ou 5 de Carisma para ter seus 18 de Força. Você limita muito e pode vir a danificar o jogo em nome da otimização. Creio que seja necessário Temperança, pois um certo nível de otimização pode ser sim benéfico, permitindo novos e mais perigosos desafios para o grupo. Como em quase tudo em RPG, quiçá na vida, é sugerido o equilíbrio.


No processo de criação de personagem, pense bastante antes de alocar seus pontos de maneira que se limite. Que possa vir a danificar a campanha. Isso vale para muita otimização, por exemplo um jogador experiente de D&D que cria um mago poderosíssimo em uma mesa de iniciantes, como para pouca. Se for fraco demais, talvez atrase o grupo.  Converse com o grupo e o Mestre, e veja quais as espectativas para o nível de poder do grupo.

E Jamais se esqueçam: Diversão é Tudo!