Devaneio sobre estereótipos culturais nos games
Saudações galera, eu sou o J e hoje a proposta do texto é diferente, não será a análise de algum jogo (Oh God, why?!) e sim um devaneio sobre um assunto no mínimo interessante: estereótipos culturais no mundo dos games.
No Brasil existe algo em torno de 65 milhões de jogadores ativos, e jogadores ativos são aqueles que jogam vídeo game no mínimo 3 vezes por semana. Mas quantos de nós em algum momento paramos para refletir sobre algum conceito diferenciado dentro do mundo dos games? Alguém já se perguntou em qual contexto foi criada determinada história? Ou qual bagagem emocional aquele personagem X carrega? Ou até mesmo se aquele estereótipo cultural apresentado em algum game realmente condiz com a cultura daquele país em questão? A licença poética é livre, mas não custa problematizar um pouco.
O estereótipo pode ser positivo, um exemplo disso é o Guile, do Street Fighter, que é um soldado americano patriota com todos os atributos necessários para salvar o mundo, ou pode ser, digamos assim, “negativo” como quando apresenta o Blanka, que é brasileiro, como um tipo de monstro verde.
Outra questão que envolve estereótipos culturais são os games, considerados violentos, sobre terrorismo. Esse tipo de jogo de uma forma ou de outra acaba reforçando o estereótipo negativo dos árabes. Esse ano foi feito um estudo pela Associação Americana de Psicologia que consistiu em colocar um número X de participantes jogando duas versões do jogo Counter Strike. Em uma das versões existiam terroristas russos e em outra versão os terroristas eram árabes. Mesmo na versão que os terroristas eram russos, foi constatado que as atitudes anti árabes acabavam aumentando por parte dos participantes. Mas não só para os olhos dos EUA os árabes carregam essa fama, de homens zangados e perigosos munidos de poderosas armas.
Outro ponto interessante são as mulheres nos games, que normalmente não ocupam papéis principais. No fim de 2012 foi feita uma análise pela EEDAR (Electronic Entertainment Design and Research) em 669 títulos e descobriu-se que menos da metade traziam a opção de escolher ou criar uma personagem feminina. Para chamar a atenção do público masculino, que ainda corresponde à maior parcela dos jogadores, a indústria aposta em personagens sexualizadas, que têm atributos muitas vezes exagerados e vestem roupas curtas, coladas e decotadas.
Ainda em sua pesquisa sobre gêneros, a EEDAR revelou que jogos eletrônicos vendem 75% mais quando possuem só protagonistas masculinos. Mas o marketing também conta. Games estrelados exclusivamente por mulheres recebem apenas metade da verba que os outros têm para divulgação na mídia. Apesar da perspectiva negativa, existe um consenso de que a situação está começando a mudar, mesmo devagar. Jogos como "Mirror's Edge", o novo "Tomb Raider" e Remember Me têm mulheres mais realistas ocupando papéis principais.
E trazendo essa questão para os jogadores, existem diversos estereótipos: o gamer hardcore, o fanboy, o jogador casual, os old-school gamers. E quem joga vidoe game, normalmente é estereotipado como uma pessoa sem vida social, que não faz nada além de jogar vídeo game, que faz suas refeições em frente ao console pra não perder tempo de jogo, entre outras coisas, além das clássicas imagens que circulam nas redes sócias que o jogador de vídeo game é um cara gordo com espinhas na cara, enfim, estereótipos.
Para encerrar, é óbvio que existe a licença poética e quem faz os jogos podem retratar as pessoas da forma que eles acharem melhor. Video game é arte e como tal tem liberdade para criar e não se limitar a realidade, mas ter um pouco de cuidado com essa questão dos estereótipos, não fará mal a ninguém.
Bom, da minha parte era isso, espero que vocês tenham gostado, grande abraço e.......tchau.