Por quê jogar? As atividades lúdicas e a expressão no mundo dos jogos


Por quê jogar? As atividades lúdicas e a expressão no mundo dos jogos

“Um Jogo é uma tentativa de superar obstáculos desnecessários”
Bernards Suits



(Texto criado para a Revista Taverna, postado aqui primeiro)


Somos uma raça complicada.
Buscamos sempre mais e mais recompensas e menos e menos... trabalho. Gastar energia. Recompensas. Palavra complicada. Imediatamente deve vir à sua mente, leitor, sacos de dinheiro e chaves de cidade, talvez uma bela princesa (ou príncipe, se seu imaginário passou dos clichês). Mas eu falo de recompensas menos óbvias. Em específico, a sensação de vitória.      

Ah, e que sensação boa é. Lembre-se, leitor, de um jogo que estava jogando. Enfrentava um grande chefe difícil, com habilidades complexas que te confundiam. Depois de muito esforço e táticas, você o derruba. Lembre-se da sensação impecável de vitória que sentiu. Aquele inimigo não era melhor que você. Você é maior! Isso só melhora quando enfrentamos jogadores reais. Aquela partida complexa de xadrez ou seu Wargame favorito, que você treinou e estudou durante dias, até enfrentar um amigo ou inimigo, e sair vitorioso...

Você é superior.
Você é o vencedor!
Vamos estender. Sabe aquela sensação de pertencimento? Aquela vontade de fazer parte de um grupo, de uma massa, com um nome em comum? Talvez você torça para algum time de futebol. Talvez você seja um dos orgulhosos membros da Associação Brasileira de RPG, Jogos de Estratégia e Afins... Ou talvez você tenha um grupo seleto de amigos. Pense um pouco. Não é bom? É sim. É para ser, ao menos. Talvez introvertidos discordem de mim, mas pensem um pouco mais. Nunca se juntou a um fórum na internet e discutiu ideias com seus similares? (Tente, é ótimo)

Agora imagine você ganhando com seu grupo. Você se juntando com seus 4 ou 5  amigos – ou desconhecidos – e fazendo o seu melhor até vencer outro grupo de pessoas. “Bom trabalho, caras!”... Ótimo não é?
Recompensas e sensação de pertencimento. Quantas qualidades! Hah, é só uma fração...
Você, leitor, já se sentiu tão imerso em um cenário de jogo que se sentiu dentro dele? Talvez se apaixonou por “Dagger” de Final Fantasy IX, ou simplesmente sabia que os Stormcloaks em Skyrim defenderiam seus interesses? Talvez seu Mago lvl 13 em D&D3.5 representasse perfeitamente um aspecto da sua vida que você queria colocar em prática?
Jogos são ótimos nisso também. É expressão, é arte. Envolventes como literatura, com seus cenários trabalhados e interações complexas, você deixa de ser você, leitor. Você se torna Chell no laboratório da Aperture em Portal em um momento, e em outro Geralt em Witcher.
Já dizia a clássica resposta ao “Você não tem vida”: Somos Gamers e RPGistas, não temos uma vida. Escolhemos ter várias!
E agora, pra apimentar ainda mais o peso que os jogos têm, deixe-me lembrá-lo, leitor, que até os animais brincam e se divertem. Dizem que eles fazem isso pois preparam seus cérebros, os desenvolvendo para a vida adulta. Uma estimulação, por assim dizer. Mental e física. Imagino que já deva ter contato com as pesquisas que indicam que o videogame como atividade lúdica desenvolve raciocínio rápido, reflexos e capacidade de tomar decisões. Isso se estende para RPG de Mesa, TCGs, uma partidinha de futebol aos sábados... Nossa necessidade de jogar é até fisiológica.

Jogos são isso, sabe? São a nossa engenhosa maneira de nos sentir bem. Enfrentar os piores desafios, viver as mais complexas aventuras, se juntar a grupos, vencer, destruir, ownar! Não existimos para simplesmente sobreviver, queremos viver bem, já dizia Maslow, grande humanista. Estamos sentados na frente de uma máquina ou ao redor de uma mesa, fazendo o que nos faz bem. Sou um RPGista e sempre que posso irei jogar, vencerei desafios e tomarei decisões, interpretarei ao meu melhor, e mesmo que não haja vitória, sei que meu hobby é o que me faz bem. Então jogue, leitor, jogue e se sinta bem.
Até a próxima!

E jamais se esqueçam: Diversão é tudo!