Resenha: Robotic;Notes
Robotic;Notes é um anime oriundo da visual novel lançada pela 5pb. para PS3 e Xbox 360 em 2012, e está recebendo um port para o PS Vita que será lançado dia 26 de junho, com o nome de Robotic;Notes Elite. Ele é a terceira história em formato de jogo/anime/manga da série Science Adventure, os primeiros sendo Chaos;Head e o segundo Steins;Gate. Todos eles, como o próprio nome sugere, tem uma pegada sci-fi. Eu nunca joguei nenhuma das novels, apenas assisti aos animes (que são baseados nelas), logo, essa resenha engloba apenas o que foi visto na animação de Robotic;Notes.
A história da obra ocorre no ano de 2019, na ilha de Tanegashima, onde conhecemos Akiho Senomiya e Kaito Yashio (Aki e Kai for short), os únicos membros do clube de robótica do seu colégio e melhores amigos desde infância. Desde o primeiro episódio podemos notar a presença de um tipo de tablet chamado Pokecon que é uma convenção de pokemão o qual é um utensílio utilizado no dia a dia de todas as pessoas na ilha e no Japão como um todo. Isso nos transmite um ar levemente mais tecnológico ao mundo que estamos acostumados a viver hoje, esse feeling também está presente em Steins;Gate porém de maneira bem mais tênue e fiquei feliz que decidiram intensificá-lo.
Logo cedo percebemos que Kai é viciado num jogo chamado Kill-Ballad, um game de luta entre robôs, em que joga em seu Pokecon e está entre os melhores no rank mundial do jogo. Seu personagem é o escopo da calmaria no anime, enquanto Aki mostra uma personalidade predominantemente perseverante e energética, sempre seguindo seus sonhos. Muitas vezes Aki precisa de ajuda com o clube e Kai parece não ligar com nada a sua volta e só “vai ajudar caso Aki consiga derrotá-lo no Kill-Ballad”. O objetivo primário do clube de robótica é continuar a construir um robô gigante que foi deixado de lado pela irmã mais velha de Aki, que quando estava no clube de robótica não conseguiu terminá-lo. Porém vários outros eventos começam a ocorrer na história que acabam atrasando o projeto.
Aki e Kai |
O anime tem uma pegada bem lenta nos primeiros episódios. Até os 11 primeiros pouca coisa acontece, em termos de avanço na trama, deixando com um ar bem slice of life e até fazendo um telespectador novo da série se perguntar se algo realmente sci-fi ou épico vai acontecer no anime. Isso é um ponto que boa parte do fandom reclama mas eu penso que não é um problema, é apenas uma característica da série e queiram ou não, isso permite com que nos apeguemos mais aos personagens. Há muitas cenas que no âmbito de fazer a trama andar, não tem absolutamente nada, mas é interessante e curioso de se observar personagens conversando, passando tempos juntos ou simplesmente devaneando. O primeiro “mini arco” vamos assim dizer, é uma competição de robôs onde Aki e Kai precisam vencer do contrário não conseguiram dinheiro para continuar o projeto do robô gigante e o clube de robótica teria que ser dissolvido. Com uma pegada bem Medabots da vida, vemos eles construindo seu pequeno robô lutador, e tendo que enfrentar lutas, chegar na final etc., numa estrutura característica desse tipo de anime. Tudo isso consumindo uns 3 episódios. Mas quando chegamos no fim do anime, é claro que esta obra não é sobre luta de robôs.
É claro, robôs são um tema importante do anime e tanto esse evento da competição de robôs, quanto o jogo Kill-Ballad e o projeto de construir o robô gigante, são referências e homenagens ao gênero Mecha nos animes. Sem dúvida, se você é um fã de mechas, mesmo o foco do anime não ser este, muito provavelmente você vai gostar dele por conta disso. Tem até um anime de Mechas no anime que geral é super fã, o Gunvarrel. Que inclusive o protagonista do anime do anime (animeception) que dá nome a ele, é o modelo do robô gigante que Aki quer tanto construir. Conforme a história progride (ou não), novos personagens são apresentados, e vão entrando para o clube de robótica e se tornando cada vez mais amigos. Chegando à um ponto em que o clube de robótica é apenas algo simbólico para reunir todos eles, uma vez que por um bom tempo eles não fazem nada lá por falta de recursos. Estou evitando falar dos outros personagens para que vocês possam conhecê-los vocês mesmos já que o anime dá muito tempo pra isso, até demais, e não quero roubar o trabalho dele.
Mas depois do começo bem suave, a trama começa a crescer de forma exponencial e aí sim começa a revelar a cara do anime e da série Science Adventure, com muitos temas sérios, científicos, dramáticos e com bons plot twists.
Tudo começa e na verdade já é prenunciado na primeira parte do anime quando os personagens comentam que há algumas lendas urbanas na cidade e no anime Gunvarrel, o qual, nunca foi transmitido o último episódio. E assim surgem especulações sobre o final dele, similar com que temos aqui em relação ao final de A Caverna do Dragão. As lendas urbanas incluem também um sinal que é misteriosamente transmitido a todos os Pokecon da região com a melodia da música Kagome Kagome, uma brincadeira e cantiga infantil japonesa que inclusive é bem assustadora se observamos bem sua letra ambígua e cheia de brechas para conspirações e creepypasta (procurar mais sobre Kagome Kagome no youtube não me ajudou muito a tirar a imagem macabra que tenho dessa música e_e). Ouve só:
Kai então descobre na segunda metade do anime uma inteligência artificial virtual numa área de Tanegashima. A IA tem a aparência de uma garotinha e chama-se Airi e pode ser vista apenas através do Pokecon. Com a ajuda dela Kai começa a descobrir escondido pela cidade virtualmente, os relatórios Kimijima, que falam sobre diversas coisas e começam a levantar o mistério na série. Não vou dizer sobre o que são pois não quero dar spoilers significativos nesse texto, mas esses relatórios tem uma função chave na trama e revelam coisas de âmbito de segurança mundial entre outras, e, assim, fazem a linha da história do anime fazer uma curva brusca e entrar na pista de proporções épicas.
Tem algo sobre Steins;Gate e Robotic;Notes que é difícil de explicar, mas é algo que vi poucas vezes em animes. É essa característica de ter uma história aparentemente pacata e esse sentimento de "falta de progressão da história" (precisam inventar uma palavra pra isso) por boa parte do começo da trama, mas que no fim, começa a tomar proporções que você não esperava. Talvez esse efeito se deva justa e exclusivamente por causa desse início lento e pacato, pois é ali que tenuamente o autor começa a costurar na linha da história as reviravoltas e aspectos dramáticos do anime. Quando já se torna familiar para você o dia a dia e a cidade dos personagens, as coisas “de verdade” começam a acontecer, e assim parecem muito mais verossímeis e você sente a tensão tanto quanto os personagens.
É aí que o anime brilha e acredito que o game também. Me aventurei pouco no mundo das visual novels mas tenho certeza que a experiência da história de Robotic;Notes se maximiza no game, mas o anime também é digníssimo de se assistir.
Se você é daqueles que precisa de uma nota para incentivá-los a assistir, o anime ganha 9/10. Se você é daqueles que não precisa, VÁ LOGO ASSISTIR. Sério, é muito bom.